quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Plantas medicinais na saúde do trabalhador

Plantas medicinais são as que contêm substâncias bio-ativas com propriedades terapêuticas, preventivas ou remediadoras. Partindo do princípio que um problema de saúde é mais bem tratado antes dele começar, as plantas são mais eficientes, pois elas agem na prevenção que é onde a medicina industrial menos atua, afinal o seu lucro se apóia na cura e para isso é necessária a existência da doença. O fato de uma planta ser totalmente natural não exime de riscos o seu uso, que de forma indevida pode causar graves enfermidades, por isso, antes de utilizar uma planta como medicação deve se ter certeza da espécie utilizada e de seu princípio ativo, que é o que causa seus benefícios e/ou malefícios. Um exemplo de uma planta conhecida é o capim cidreira que é utilizada como calmante pela medicina popular, porém ela provoca queda da pressão arterial, e por isso deve ser evitada por pessoas que sofram de pressão baixa. Estas podem utilizar outras ervas como melissa ou camomila.
As plantas medicinais podem ser facilmente cultivadas em casa, em pequenos canteiros ou mesmo em vasos, por isso deve ser estimulado seu uso pela população, já que é diferente dos medicamentos farmacêuticos de altos preços, e pode ser acessível a todas as camadas sociais, especialmente para nós da classe trabalhadora. Assim sendo o conhecimento das ervas possibilita além da prevenção de doenças, uma atitude de crítica prática à monopolização da indústria farmacêutica que, além de ser acessível apenas à camada mais abastada da sociedade, é organizada para gerar lucro aos conglomerados multinacionais que controlam a pesquisa, a produção de remédios e os sistemas de saúde pelo mundo afora.
O conhecimento tradicional de grupos sociais que fazem uso das plantas, como os povos indígenas, é a fonte essencial para a descoberta dos princípios ativos, substâncias capazes de exercer uma ação de cura-responsáveis no combate de doenças. Para utilizar uma planta deve se seguir certos rituais que garantam a ação do princípio-ativo da planta: não usar plantas que contenham agrotóxicos, não coletar plantas em beiras de estradas pois podem estar contaminadas por monóxido de carbono emitido pela fumaça dos carros, coletar as plantas de preferência pela manhã. A secagem, para posterior uso, deve ser feita na sombra, em ambiente arejado e protegido da poeira e de insetos.
Há muita coisa para se dizer sobre nos reconectarmos, e nos reeducarmos sobre as ervas que usamos e colher nossos medicamentos quando pudermos. É assim que conseguiremos construir todo um novo sistema de cura - um que possa nos encorajar e nos ajudar a mantermos distancia da estrutura de poder corporativo que a medicina se tornou.
Segue algumas receitas para serem feitas com plantas medicinais. Os processos são muito fáceis de realizar e podem ser executados por qualquer pessoa em sua própria casa. Além de proporcionar uma vida mais saudável, estas receitas possibilitam a produção auto-gestionária destes produtos visando, também, uma fonte de geração de renda para os indivíduos e famílias que estiverem dispostos a este trabalho. Todos os ingredientes são fáceis de encontrar, em supermercados e locais especializados em produtos de limpeza, e todos possuem uma faixa de preço muito barata e acessível. Em Dourados mudas destas e outras plantas podem ser adquiridas, gratuitamente, em diversos locais como o Horto de Plantas Medicinais, localizado no campus II da UFGD.

Extrato Alcoólico

Material:
- 200g de planta fresca ou 100g seca
- 1l de álcool comum (cereais ou pinga)
- 1 pote de vidro de cor escura
Modo de fazer:
Lave as folhas e corte em pedaços menores, adicione o álcool e agite o pote duas vezes ao dia durante 10 dias, mantendo em lugar escuro ou enrolado em jornal. Após isso a tintura pode ser coada e colocada em vidros menores de cor âmbar ou mantidas em local escuro. A validade é de aproximadamente 1 ano.

Exemplo de plantas para a produção do extrato:

Calêndula: cicatrizante, antiinflamatório, peles sensíveis e delicadas.
Camomila: peles sensíveis, amacia, clareia e limpa a pele;
Confrei: emoliente, antiséptico, antiinflamatório, cicatrizante, hidratante e restaurador de tecidos.
Carajiru: adstringente, antiséptico, fotoprotetor, tonalizante e contra acne.
Pitanga: remineralizante, hidratante, antioxidante e renovador celular.

Sabonete terapêutico artesanal

Material:
- 1 kg de Base glicerinada para sabonetes;
- 10 ml de corante alimentício (colorau, corante para bolos, etc.) (opcional);
- 15 ml de essência para sabonetes;
- 20 ml de extrato alcoólico (receita acima);
- Álcool de cereais;
- Fôrmas; papel filme para embalar.
Modo de fazer
a)Coloque uma panela de ágata ou vidro em banho maria e acrescente a glicerina em pequenos pedaços, a água não deve ferver;
b)Assim que a glicerina dissolver, desligue o fogo e goteje o corante misturando até obter a cor desejada;
c)Adicione o extrato e a essência misturando lentamente até a homogeneização completa;
d)O sabonete pode ser decorado com flores secas, sementes, depende da imaginação de cada pessoa. A decoração deve ser feita na fôrma do sabonete;
e)Coloque a mistura na fôrma que desejar;
f)Se formar espumas sobre o sabonete, borrife o álcool de cereais até as espumas sumirem, espere solidificar e embale com papel filme.

* publicado na edição de Março/Abril de 2009 do jornal O Libertário, informativo do PAEM.